29 de jul. de 2009

Um pouco de História I - Período Democrático no Brasil - Getúlio Vargas

Numa Democracia Populista o Governo se apoia numa mobilização popular, principalmente pelo voto, mas na verdade quem comanda são as elites com os chefes políticos que conduzem o país sócio-economicamente, e quando percebem alguma tensão popular dão concessões com objetivo de apaziguar tais tensões sempre visando a manutenção desta elite.
Getúlio Vargas era acusado de populista e o termo varguismo seria um conjunto de ideias nacionalistas com objetivo de modernização industrial e autonomia política diante de grandes potências como EUA. Foi deputado estadual e federal, Ministro da Fazenda e assumiu a Presidência de República em 1930 através de um golpe. Eleito em 1934 e manteve no poder até 1945. Em 1951 voltou ao poder novamente como Presidente. Durante seu governo, aumentou a industrialização e em decorrência disso, com um maior poder aquisitivo e dinamização do capitalismo, a urbanização, a classe média e o operariado destacam-se neste jogo político.
A Constituição aprovada em 1946 em vigor até 1964 tinha uma política chamada Liberal Democrática , havendo divisão dos poderes - Legislativo, Executivo e Judiciário- ,voto individual para Câmara e Senado, liberdade de expressão e de imprensa e voto das mulheres.
Economicamente, o Governo de Getúlio foi do liberal ao maior controle do Estado. Neste período, com a Guerra Fria entre EUA e União Soviética, há uma confraternização das Nações o que obrigava os países a tomarem uma posição comunista ou capitalista.
Em 1950 Getúlio, ganha apoiado por empresários e trabalhadores urbanos, mas agora ele tinha que lidar com um processo democrático , divisões no interior do exército e um quadro econômico complicado pela inflação.A intervenção do Estado na economia continuava a existir (exemplo disso, a luta pela Petrobrás) e com o objetivo de "andar com as próprias pernas" surge um sentimento nacionalista, ou seja, valores nacionais adotados pelo povo.
Um dos personagens principais do populismo de Vargas, foi João Goulart, que quando Ministro do Trabalho de Vargas chegou a dar 100% de aumento de salário aos trabalhadores, fato ,esse que desagradou a elite industrial, mas que logo se conformou por lucrar muito com a industrialização Vargas. Fato é que no segundo mandato de Vargas, o populismo foi usado para manipular seus objetivos e isto assustou os conservadores.
Alguns movimentos fugiram do controle do populismo de Vargas, onde entre partidários e inimigos se destacava Carlos Lacerda , jornalista da Tribuna da Imprensa. Usando o jornal como meio de proliferação de ideias, Lacerda ataca ferozmente o populismo de Vargas. Ele incomodava o Governo.
No círculo do poder dentro do Palácio do Governo, articula-se o assassinato de Lacerda, mas mal executado, a ação foi um desastre. Mataram um major da aeronáutica no lugar de Lacerda e este passa a ser visto como mártir. A morte do major deu argumentos aos seus opositores.
Os íntimos de Getúlio eram acusados de corrupção e outras várias acusações que o próprio Getúlio chamou de "mar de lamas", os problemas o levaram a cometer suicídio com um tiro no peito em 24 de agosto de 1954. Getúlio foi a figura política mais importante do século XX no país.
Depois de sua morte, toma posse o vice Café Filho que faz uma política favorável aos opositores de Vargas.
Estabeleceu-se uma união entra PSD e PTB (união histórica) que lançaria como candidato Juscelino Kubitschek, e em outubro do mesmo ano, houve as eleições. Setores adversários de Vargas, como a UDN e militares se opuseram a posse de Juscelino.
Café Filho sofre um ataque cardíaco e seu vice tomaria posse, mas um golpe preventivo do General e político Teixeira Lott, garantiria a posse de Juscelino em janeiro de 1956.
O Governo de Juscelino se realizou relativamente tranquilo, ele muda os rumos da política econômica, usa um programa de metas admitindo num crescimento econômico incentivos e investimentos em setores privados como a Wolksvagem por exemplo.
Brasília foi um projeto urbanistico visando o desenvolvimento do Planalto Central o que se tornou emblema do avanço da civilização. Mas no final de seu Governo crises internas agravam a situação, pois as indústrias não mantiveram seu crescimento, o desemprego aumentava e consequentemente trabalhadores pressionavam o Governo para tentar estancar as desigualdades sociais.
A sucessão de Juscelino se deu de forma democrática , tendo como candidato Jânio Quadros que percebeu que a moralidade pública seria uma boa propaganda política, e Teixeira Lott, que era um general respeitado no meio militar, mas não entre as massas populares. Jânio vence as eleições em 1961.
Fez uma política conservadora, tentava controlar a inflação mas em pouco tempo perdeu o apoio da maioria que não confiava nele. Ficou no Governo por apenas 8 meses.
Ele renuncia pensando numa volta, pensando que o povo faria com ele como fizeram com Vargas, mas sua renúncia foi aceita.
Cria-se um regime parlamentarista, também rechaçado por setores interessados . Seu vice toma posse, no caso João Goulart, considerado pelas elites junto com Leonel Brizola herdeiros do Varguismo.
Com receio do que poderia acontecer, setores conservadores por meio de emendas constitucionais, limitam o poder do Presidente submetendo-o as regras do parlamentarismo, mas um plebiscito o restitui ao poder pleno em janeiro de 1963. O povo era contra o parlamentarismo por que estavam de olho nas Reformas de Base prometidas por Jango, que seriam um conjunto de ações governamentais promovedoras da reforma agrária, e bancária entre outras com objetivo de dar continuidade ao desenvolvimento econômico, ampliar o mercado interno e atender as demandas populares crescentes em todo país.
Acrescente-se ao medo dos opositores o fato de que o PTB, (partido de Jango) ter recebido apoio do PCB que acreditavam que modificações internas levaria a Revolução Socialista, havia o sucesso da Revolução Cubana em 1959, e para os conservadores, industriais, latifundiários e banqueiros, esta aliança e as Reformas de Base eram entendidas como implantação do Comunismo no Brasil.
Tudo isso desfavorecia a influência americana no Continente, e assim, os EUA passaram impedir conflitos e revoltas sociais que pudessem modificar a ordem interna do país que estivesse sob sua influència ( não podemos esquecer que haviam muitas empresas multinacionais no país).
Assim s últimos dias de Jango no poder foram conturbados e até setores da esquerda o acusavam de tímido e reformista, quando para eles a saída seria a Revolução Popular.
Ele recebia críticas de todos os lados- esquerda e direita- e sem poder atender a ambos , o Governo torna-se fraco e elite e militares iniciam uma conspiração contra ele.
A classe média (lembremos sempre que esta classe surgiu em maior escala no Governo de Vargas e temia perder o espaço já conquistado), que temia as Reformas de Base e o comunismo também queria derrubar o Governo.
Todas as crises socioeconômicas quanto a organização dos trabalhadores em movimentos sociais e sindicatos , para a elite eram sinônimos de fraqueza e com a não aprovação da elite ocorre o Golpe Militar.

Segue na próxima postagem.

30 de jun. de 2009

A educação vai bem...obrigada!

Há algum tempo, nosso governador José Serra vem trabalhado em escolas de São Paulo com as famosas apostilas. São duas, a do professor com respostas das questões e sugestões (ordens,pois não podem ser mudadas) para o planejamento das aulas e a do aluno com as perguntas e espaços para respondê-las.

Em primeiro lugar as apostilas atrasam pra chegar, ou seja, quando chegam, o professor tem que correr com a matéria por que tem prazo para seu término, em segundo lugar as apostilas vem com erros grotescos tendo que ser devolvidas atrasando mais ainda a matéria e por fim é um desrespeito a natureza, que nos dias de hoje é tão defendida pelo Greenpeace e outros órgãos, a quantidade de árvores cortadas pra se fazer essas apostilas. .

São quilos e mais quilos de papel não aproveitado ( fica a sugestão de reciclar o papel da apostila e refazer a apostila com esse mesmo papel) encostado na sala dos professores que pra piorar a situação são repetidas. É isso mesmo, as apostilas deste ano são iguais a do ano passado iguais a do retrasado, ou seja, não muda nada.

Ora, se o Governador pretende justificar seus gastos públicos em educação desta forma, é necessário que a sociedade se comova e faça alguma coisa contra essas medidas.

Não adianta investir dinheiro, só pra dizer que está investindo, em projetos sem resultado.

Sugiro que os alunos tenham seu livro referente a matéria e o professor tenha sua apostila (já que o Governo quer trabalhar desta forma) e a siga de maneira fiel sem a necessidade de trocar todos os anos e sim quando houver modificações no conteúdo.

Como se não bastasse, o Conselho Nacional da Educação propôs ao Governo (que irá aprovar) uma medida (não sei pra quê) onde os alunos do ensino médio ( 1°, 2° e 3° colegial) não terão que fazer as disciplinas chamadas "tradicionais" como história ( que absurdo), matemática e ciências, e você pensa que acabou ? nada, os alunos terão o direito de escolher qual disciplina farão. Segundo o Conselho, a ideia é ministrar as aulas de forma que o aluno se veja envolvido naquela situação, fazendo parte daquele contexto. Ora, a ciência é nada menos que a compreensão da parte física e funcional do ser humano. A história nem se fala uma vez que como professora já me deparei com alunos do 3° ano do ensino médio que não sabia explicar o nazismo e conhecia pouco Hitler. Gente, olha o perigo, olha como jovens podem se tornar presas fáceis de mal intencionados que buscam o poder usando pessoas como massa de manobra. Sem conhecer o passado não é possível planejar o futuro, sem conhecer as causas e consequências dos fatos.

Não adianta querer melhorar a educação diminuindo as disciplinas a serem ministradas mas sim, uma reforma completa dentro das escolas públicas, com substituições de diretores aposentados que acumulam cargos públicos e professores que estão a muito tempo na rede pública, e como bom funcionário público brasileiro tem por hábito tratar mal as pessoas com que lidam, neste caso os alunos, (no Brasil o funcionário público se apodera do cargo como se fosse dele, contrariando a ideia matriz de Burocracia de Max Weber, onde o funcionário torna-se encarregado daquele cargo público devendo satisfações aos seus superiores e tendo e responsabilidade de trabalhar pela soberania do Estado).
Nunca ouvi falar que em países desenvolvidos diminuissem a grade de disciplinas a serem ministradas, pelo contrário, a carga horária aumentou, veja o caso do Japão, a história do país é difundida até os dias de hoje, eles não esquecem de como foi a Segunda Guerra e suas consequências. Como banir a história como disciplina obrigatória? Nossos governantes se preocupam muito pouco com a educação, haja vista o estado de conservação da USP e de outras Universidades Federais.
Como diria Boris Casoy, "é uma vergonha".

17 de jun. de 2009

Reflita você mesmo.

Culpa do capitalismo.Parece uma frase cliché, já formada, falada e repetida inúmeras vezes, mais será que tem embasamento? Vamos analisar.


Desde o fim do feudalismo, aquele sistema em que o senhor feudal "doava" terras a camponeses para o plantio de alimentos em troca de parte da produção dos alimentos, passando pela explosão da I e II Revolução Industrial com a descoberta da máquina à vapor, novos investimentos em tecnologia e ciência e a descoberta do aço, alavancaram o aparecimento de uma nova burguesia endinheirada.

O poder de trocar dinheiro por mercadorias de todos os tipos desencadeou uma busca alucinada pelo dinheiro que será novamente trocado por mercadorias de todos os tipos. É um ciclo vicioso sem fim. Quem pode estuda para se especializar numa profissão que o enriqueça e lhe traga status, quem não pode trabalha em qualquer função ganhando um salário miserável e da forma que pode tenta entrar no ciclo vicioso, pois as formas de divulgação de regras de conduta (TV principalmente) criadas por este capitalismo atinge todas as camadas sociais.
Ocorre que periodicamente, até por sua dinamicidade, crises economicas atinge países centrais, base de sustentação deste capitalismo e num efeito dominó fragiliza todos os outros países que dependem da demanda de material de base dos países centrais. Sem a demanda, a produção diminui causando desemprego, quebra de empresas pela diminuição de exportação e de mercado interno consumidor, aumento de preços dos produtos consumidos internamente e consequentemente causando um desequilíbrio social refletido diretamente na violência.
Quando as crises económicas acontecem a tendência dos países é de se interiorizar, por meio de produção e consumo interno, alianças e com a ajuda do Estado que investe dinheiro nessas empresas.
O primeiro sinal dessa interiorização, é a xenofobia, a aversão ao estrangeiro que no mercado de trabalho é visto como concorrente, que ocupa a posição de operário que poderia ser preenchida por um filho da Nação.
Da xenofobia e da falta de valores na formação do caráter dos indivíduos, surge todos os tipos de preconceitos. Contra gays, negros, nordestinos, gordos, haja vista aquela pancadaria na Parada Gay em São Paulo em que uma pessoa ficou com traumatismo craniano, ou essa onda de neonazistas que surgem feito erva daninha em todos os cantos do país que não se dão nem ao trabalho de conhecer historicamente o surgimento de tais pensamentos e sua fundamentação teórica e saem pregando e executando a superioridade branca, a obediência cega ao líder e o silêncio das práticas internas desses grupos. É tanta audácia que buscam formar um partido político buscando espaço no Congresso para legitimar suas ações.
Não é possível afirmar que a culpa é só do capitalismo causador da falta de tempo pra se fundamentar uma família centrada com filhos menos agressivos, mas é possível identificar que depois de sua criação as relações sociais entre indivíduos tornou-se instável e depende da necessidade de mão-de-obra para o mercado para serem positivas ou negativas.
"Do jeito que as coisas vão, precisaremos de um novo iluminismo."(M.P)

7 de jun. de 2009

Nada é maior que meu amor nem mais bonito II

Visitando o blog da minha amiga e irmã espiritual, Nayara li em sua última postagem um lindo texto sobre Roberto Carlos, o Bob (para os íntimos), e inacreditávelmente, numa dessas sintonias que a gente não explica simplesmente acontece, eu estava procurando algumas músicas do Bob pra baixar. Lendo sua postagem lembrei que aproximadamente dois anos atrás, um carro passou com o volume muito, mais muito alto com uma música do Bob e ao contrário de eu ficar irritada (era domingo a tarde e estava tirando um cochilo), a música mexeu comigo de uma forma que fiquei meio comovida a tarde inteira (e não dormi mais) e pensei exatamente como minha amiga; o que me faz gostar do Bob? Puxa...são tantas emoções. A resposta é muito simples, o Bob fala com a alma, com o coração de quem já sentiu tudo aquilo que ele canta (e quem nunca sofreu por amor ou nunca esteve apaixonado loucamente?). Por mais que as pessoas digam que ele é brega (e não é porque hoje ele está na moda) ele consegue descrever emoções com palavras e uma profundidade que a gente chega a ter aquele sentimento que a música quer passar.
Também assisti ao programa em que ele cantava com elas e fiquei emocionada com a energia positiva e o romantismo que fica no ar. Hoje não existe mas romantismo, as pessoas ficam, e como é, rápido não dá tempo para surgir as afinidades e o romantismo, aquela vontade de fazer o outro feliz, o prazer de doar pra ter em troca um sorriso, isto não existe mais, infelizmente.
Sorte que Roberto Carlos existe para nos lembrar como é bom sentir o amor.

17 de mai. de 2009

A Índia que a Globo não mostra.

É até engraçado andarmos pelas ruas, ouvirmos muitos de nossos amigos e até em nossos trabalhos aquela frasezinha verdadeiramente irritante HARE BABA ( não sei se a escrita está correta mas...). Os meios de comunicação claramente à serviço do capitalismo e vantagens internacionais que este tipo de programa pode trazer, fazem pesados investimentos de olho no retorno. A Globo como órgão de comunicação internacional estimula, provavelmente com apoio do Governo Nacional e Internacional, pois, o turismo aumenta consideravelmente o comércio local, no caso indiano, aumenta a venda de passagens aéreas de turistas ávidos por uma viagem exótica, a Globo aumenta sua venda de TV por assinatura , aumenta a procura de empresas querendo colocar seu comercial no horário nobre e enfim cresce também o comércio de produtos "indianos" no Brasil. Mas a realidade é bem diferente, pois, é fato que a economia indiana está em pleno desenvolvimento, crescendo a taxas de quase 10 % ao ano ( se compararmos, o Brasil cresce 3 a 4% ao ano) esse crescimento é para poucos pois a grande maioria da população vive na mais extrema pobreza e falta de higiene. Um país sem infra-estrutura atrelado a religiosidade, onde um rio sujo, fétido, cheio de cadáveres, pois na Índia indigentes são jogados inteiros e quem tem família os restos cremados, é sagrado. Eles acreditam que o Rio Ganges é um Deus que purifica o corpo pela deteriorização e por ser um Deus pode ser usado para tudo inclusive banhar-se e no preparo dos alimentos, então ao mesmo tempo que um cadáver bóia no rio tendo suas vísceras comidas por corvos, a alguns metros dali pessoas se banham alegremente celebrando a vida. Sem contar as vacas, animaizinhos simpáticos, mas que defecam por toda parte, mesmo nas casas, pois também são sagradas tem livre acesso pelas ruas.
A ONU envia recursos constantemente ( segundo fontes de revistas) para realização de obras de saneamento básico, como construção de redes de esgoto que desviassem a sujeira que é jogada no rio, porém autoridades locais valendo-se da religiosidade do seu povo, insistem na ideia de que o Ganges é um deus e como sendo é intocável. Sendo assim é só entrar um minutinho no You Tube para nos depararmos com crianças com mal formação congénita hidrocefálicas ou gêmeas siamesas mal formadas com 4 braços e 4 pernas que na índia são consideradas deusas ( no caso a deusa Lakshmi). A falta de informação e o politeísmo indiano condenam a população a uma vida miserável ao mesmo tempo em que o país é um dos que possui o maior número de milionários, então aquelas roupinhas limpinhas, brilhantes, cheias de cores que vimos na novela é pura ilusão, ficção voltada a aumentar o consumo de vestuários para que qualquer mulher se pareça com a Juliana Paes ( beleza eleita pela Rede Globo ). Quanto mais eu vivo mais eu consigo colocar em prática preceitos aprendidos em sala de aula como o que o capitalismo se adapta, se volta e cria necessidades para sua manutenção.
HARE BABA !

5 de mai. de 2009

Progressão continuada - Parte III

...não importa se não sabem escrever, o que importa é que a mão de obra está garantida. A diferença entre o mundo moderno e o século XIX é que hoje a mão de obra é "especializada" tem que ser graduado. Para os verdadeiros intelectuais, aqueles que gostam de estudar mesmo e pesquisar as raízes das coisas não sobra quase nada. Pra sobreviver tem que dar aulas e agradecer quando aparecem pesquisas para serem desenvolvidas. Veja, a coisa começa lá atrás e todos tem interesse nisso. O que me assusta são os vários médicos que tomam anfetamina pra se manterem "ligados" no exercício da função ou de algum Sérgio Naya que contrói edifícios com areia de praia ou de professores tipo " nomes renomados" que futuramente darão aulas aos meus filhos e que podem agredi-los com palavras ou atos físicos, simplesmente por que esses pseudo-professores deixaram de frequentar as aulas de Prática e Pesquisa Pedagógica, que nos primeiros semestres é direcionado a teorias pedagógicas e formas alternativas de ministrar uma aula...tudo bem, você deve estar pensando que uma aula dessas é absolutamente desnecessária mas ninguém chegou na faculdade sabendo ser professor . Bem vinda ao mundo acadêmico.

Progressão continuada - Parte II

Daí eu pergunto: que vestibular é esse com perguntas tão fáceis? Que tipo de preparação é necessária para se ingressar numa faculdade? Quer a resposta? Dinheiro. Com dinheiro se faz tudo, o capitalismo manda completamente mesmo sem a gente querer. O comércio e as indústrias precisam tanto da mão de obra quanto do mercado consumidor e o "profissional" trabalhando e consumindo é estritamente necessário para esse círculo vicioso funcionar. Saem das escolas semi-analfabetos basicamente mal escrevendo o próprio nome, prestam aquele vestibular ridículo, ingressam numa Universidade, não assistem aulas ( já vem com esse hábito de não estudar), seguem sua sina de desgastar professores com conversinhas paralelas, comentários sem sentido e fora de hora se achando a pessoa mais engraçada da faculdade, simplesmente O CARA. Hoje o mestrado o tomou lugar da faculdade, e quem realmente quer se especializar faz mestrado. Na verdade a progressão atende todas as necessidades por que o Governo diminui o índice de analfabetismo, melhora a imagem no exterior, os "profissionais" saem graduados prontos para atender as necessidades do mercado que exige pelo menos o ensino fundamental completo ou pelo em curso...

Progressão continuada - Parte I

Progressão continuada nada mais é do que uma fábrica onde a produção é de ignorantes semi analfabetos que logo estarão no mercado de trabalho. A coisa é complicada e o círculo vicioso, pois, se pensarmos no Estado de São Paulo, onde a progressão é pioneira talvez a única no Brasil, e onde há a maior necessidade de mão de obra, ocorre uma enxurrada de "profissionais" com essa formação. Como professora agora posso afirmar que a situação interna, aquela que o governo finge que não sabe,é simplesmente periclitante. Os alunos não tem o mínimo respeito pelo professor e este, talvez desanimado ou por incompatibilidade da função não reage, assiste a tudo mudo, inerte, sem reação e quando esta aparece, vem com violência, brutalidade, uma agressão desnecessária da qual o aluno também não tem obrigação de aguentar. Então nas escolas públicas fica desta forma: os alunos fingem que aprendem, os professores fingem que ensinam e esses mesmos alunos vão prestar um vestibular ridículo por que na realidade o que as instituições querem é dinheiro pra se manterem e cumprir a folha de pagamentos dos muitos funcionários e professores. Me dando como exemplo, fiquei sem estudar por mais de 10 anos e mesmo sem pegar num livro sequer passei em 10° lugar.

3 de mai. de 2009

República Mulher

Resenha: República mulher – Entre Maria e Marianne

Desde a Revolução a figura da mulher é usada na França. Antes, o período monárquico era representado pela figura do Rei, personagem masculino, mas com a conquista da Revolução esta figura tinha que ser substituída de forma radical, com novos símbolos representando novas idéias, nada que lembrasse a monarquia, daí a adoção do feminino.
Em Roma a figura da mulher era usada como símbolo de liberdade, assim os revolucionários franceses se utilizam essa imagem fazendo algumas mudanças como o uso do barrete que trazia a simbologia de radicalidade e seios desnudos, visivelmente uma mulher do povo que lutou pela revolução.
Depois da terceira República aparece Marianne (nome popular na França) que seria personificação da República, e como reação o governo incentiva o culto a Virgem Maria o que desencadeou uma batalha de cultos que ficou conhecida como Mariolatria x Marianolatria, chegando ao ponto de haver uma oração para Marianne substituindo a oração de Virgem Maria.
Com o avanço do capitalismo e conforme os ideários eram substituídos por metas de trabalho, a figura de Marianne não fazia mais sentido dentro daquele contexto e acabou substituída pela figura do operário de dorso nu.
No Brasil a futura regente era mulher, no caso Princesa Isabel, mas sua figura foi enfraquecida por seu marido Conde D’eu que por ser francês teve sua figura vinculada a monarquia, mas a República seguia seu modelo clássico até que o governo pediu para que ela fosse representada sentada transmitindo força, segurança e calma. Sua simbologia foi irrelevante, pois, o povo não tinha acesso às artes e esta em especial era direcionada para uso doméstico.
Até 1922, os artistas eram patrocinados pelo governo, estudavam na Europa e pintavam quadros de lá, ou seja, estavam completamente influenciados pelo padrão europeu, daí o motivo de todas as obras de artistas brasileiros não retratarem a mulher nativa e sim figuras aparentemente brasileiras, mas com rostos e requinte europeu.
Comte era um desses artistas que teve muita relevância na história da arte brasileira. Para ele somente o altruísmo poderia fornecer as bases para uma convivência social e a mulher era o que melhor representava uma sociedade sem Deus.
Símbolo perfeito seria a virgem-mãe que sugere a humanidade capaz de se reproduzir.
O que acontece é um contraste entre a República dos sonhos e a real, assim a imagem cívica da mulher vai perdendo seu contexto e passa a ser ridicularizada junto com a república; a mulher se transforma em mulher da vida, prostituta. Essa imagem foi predominante entre as caricaturas.
A mulher nunca fez parte da política, nem na França entre os jacobinos que achavam que a política era para homens.
Aqui no Brasil Comte cimentou o papel da mulher atribuindo-lhe ser esposa, mãe, guardiã do lar garantia de reprodução da espécie e saúde moral da humanidade.
Os bispos se empenharam em incentivar o culto a Maria e em 1904 Nossa Senhora Aparecida foi coroada rainha do Brasil.
A representação feminina da República estava cada vez mais longe, pois a República não desenvolveu da forma desejada e não havia figura feminina cívica que obtivesse sucesso.
Morre nossa Marianne e surge a padroeira do Brasil..

Farejando verdades.

Agora serão públicos os meus pensamentos e reflexões.

22 de jan. de 2009

Sobre Sandra Jatahy Pesavento

FONTE: ZEROHORA
Dia 10/01/2009
dianamcorso@gmail.comDIANA LICHTENSTEIN

Sandra teve um problema de saúde que a condenou a cem dias de reclusão em um lugar onde não havia janelas, espelhos, nem relógio. A luz estava permanentemente acesa, mexiam constantemente em seu corpo e não se conversava com ela, pois estava “desligada”.
Esse lugar chama-se UTI. Sandra Jatahy Pesavento é historiadora. Referências, para ela, são fundamentais. Por isso, um lugar assim certamente lhe é particularmente infernal, mas ela encontrou dois refúgios. Em primeiro lugar, o empenho de seus filhos e marido em falar com ela, contar-lhe coisas, cantar para ela, mostrar a ecografia do futuro neto, mesmo quando ela parecia estar em outra dimensão; em segundo lugar, as viagens a um território de sonhos ocorridas durante o coma.
Foi sobre essas experiências oníricas que ela aceitou conversar conosco.
Sandra não tem memória de dor, mas lembra que escutou quando o médico disse à família que ela poderia ter apenas mais algumas horas de vida. Já dos sonhos ela lembra bem. Sandra os chamou de “meus sonhos do lado de lá”, mas não se façam deduções místicas de suas palavras, porque ela não as fez.
A historiadora relata que durante o período de UTI teve uma experiência onírica diferente de tudo o que vivera antes e depois. Os tais “sonhos do lado de lá” eram histórias malucas, como costumam ser nossas aventuras imaginárias noturnas. Eram sempre agradáveis e ocorriam em sequência, constituindo verdadeiras sagas. Por vezes, ela despertava ou tinha momentos de consciência, para logo submergir novamente nessas histórias, que esperavam seu retorno para continuar.
Em um desses episódios, ela encontra-se na Floresta Amazônica, trabalhando como seringueira, tirando látex de uma árvore. Existe melhor forma de escapar da cruel realidade das seringas com agulhas que a espetavam, das luvas de látex que a manipulavam? Nesse episódio, a partir dos restos diurnos da realidade insuportável, Sandra construiu um território imaginário onde a tortura do corpo se abstraía em aventuras.– Esses sonhos eram a minha casa. Um lar para onde seus pensamentos se mudavam, enquanto o corpo enfraquecido era refém da cama e dos tubos.O território onírico de Sandra dividia-se em dois tipos de lugares: havia os sonhos que tinham um tom de verossimilhança, construídos com uma geografia delirante, fruto das muitas viagens que ela fez, e aqueles situados em “lugares imaginosos”, como ela os chamou.
Exemplo do primeiro tipo é uma baía circular com um albergue à beira-mar, em Roma, lugar que na verdade não existe. Mas é no segundo tipo, nos lugares imaginosos, que a cena de sonhos revela todo seu encanto. Havia um mundo de trevas, onde a luz emanava exclusivamente das pessoas, uma excelente alternativa para quem se encontrava num ambiente permanentemente iluminado, cuja única fonte de afeto provinha dos minutos permitidos para a visita dos seres queridos. À luz fria da UTI, Sandra contrapôs o aconchego da escuridão uterina, iluminada pelos seus amores. Esse lugar é aquático, e lá ela encontra a filha grávida e o genro, que é exímio nadador. Para que o absurdo fique mais lúdico, como costuma acontecer nos sonhos, eles passavam a se dedicar à caça de tigres-marinhos, cujos filés estariam em alta cotação. O genro passeia sobre uma prancha com filés de tigres-marinhos, que são pedaços de filé com caras de tigres mesmo.Para a sorte da historiadora doente, uma figura feminina literária compareceu aos sonhos imaginosos para inseri-la num clã de mulheres fortes. Uma amiga historiadora, que na juventude foi atriz, encarna a Fada Titânia, personagem de Shakespeare responsável por mudar os destinos dos amantes adormecidos em Sonho de uma Noite de Verão.
Num tom grave, ela dizia que tinha que revelar algo relativo à família do marido:– Eles são do Clã do Urso! O Clã do Urso, ao qual Sandra teria ingressado ao casar-se, seria composto de mulheres corajosas – um clã fechado, do qual o urso seria um segredo, um totem.
Ilustrando essa evocação, desce de um barco viking uma personagem que pertenceria à família materna do marido, uma tal de Ana Teresa. Estaria prometida a um dos agregados do clã, num casamento que visava solidificar negócios de família. O lugar aonde o barco chegava, era uma mistura da praia catarinense onde a família tem casa, a Barra de Ibiraquera, com o imóvel de Porto Alegre onde funciona a empresa do filho. Ainda em sonhos, Sandra tenta contar a boa nova à neta, a mais jovem integrante do Clã do Urso, enquanto alguém tenta impedi-la:– Não ouve tua vó, isso é bruxaria. De feiticeiras, foram acusadas algumas das fascinantes personagens do novo livro de Sandra, Os Sete Pecados da Capital, com lançamento previsto para março. De mulheres fortes, certamente é o clã que ela está em condições de consolidar depois de cem dias de UTI.– Minha cabeça me salvou! – decreta, grata às aventuras oníricas que lhe permitiram atravessar o horror da doença. Mas isso não é possibilidade que se abra do dia para a noite. Para sonhar, é preciso treino, e Sandra trabalha nisso desde pequena. Ela tinha três amigos imaginários: uma menina chamada Doroti, o soldado Caxias e o guarda Fontoura – parceiros de infância da única filha de dois bons contadores de histórias. Seus pais aceitaram o trio fantástico sem questionar a pequena sobre a realidade das personagens. Em sua vida, a imaginação teve trânsito livre desde o começo. Isso talvez não tenha lhe salvado a vida, mas certamente salvou sua cabeça. Sonhos são construções feitas a partir de memórias, restos diurnos, desejos confessos e outros inadmissíveis. Neles, toda noite, repousamos da dura tarefa de existir. As aventuras oníricas de Sandra durante sua permanência na UTI beberam da mesma fonte. Frente à realidade insuportável da miséria do corpo, a imaginação fértil da menina transmutada em historiadora encontrou recursos para sobreviver. Seria injusto com o rico acervo de memórias e com a criatividade dessa mulher atribuir sua experiência a fatores transcendentais. A riqueza de recursos imaginários constituída ao longo de uma vida é muito mais do que lembranças de diversão e lazer, é uma fonte cujas águas, como ela disse, salvam. Admitir isso é reconhecer a importância da literatura, do cinema, das viagens e, principalmente, da valorização dos lugares imaginosos habitados pelas crianças. Muitos anos antes da doença, Sandra tinha um sonho repetitivo, no qual se mudava para um novo apartamento com sua família. O imóvel dos seus sonhos ficava no lugar onde havia uma casa que ela conhecia. Tempo depois, e já fora do sonho, no mesmo terreno dessa casa foi construído um prédio. É o prédio no qual ela mora hoje. Sandra comprou o lugar com o qual ela sonhava sistematicamente. Como se vê, ela já havia aprendido a habitar uma casa de sonhos.
***Sandra: Meu filho falava comigo. Quando chegava à UTI, ele ligava a TV, fazia considerações. Passava alguém e dizia: “Por que estás falando com a tua mãe? Ela não está ouvindo nada. Ela está em coma”. O Rodrigo respondia: “Ouve sim. Ela é minha mãe. Eu sei que ela está me ouvindo”. E, de fato, eu ouvia.
Diana: Você ouviu esse diálogo?
Sandra: Ouvi.
Diana: E não conseguia dizer nada? Não conseguia fazer um sinal que dissesse: “Deixa ele falar, que é bom”?
Sandra: Eu não conseguia. Eu não tinha forças.***Sandra: Dentro da UTI, eu tinha muito cansaço, muito sono. O dia é sempre igual. E as horas não passam. Não há janelas, nem relógio. Quando te levam para fazer uma radiografia...
Diana: É um programa.
Sandra: É um programa. Alguma coisa muda aquela rotina terrível.
***Sandra: Até aí são lamentações de quem passou cem dias num hospital. O estranhíssimo é o que começou dentro da UTI. Eu tinha muitos sonhos. E os sonhos continuavam como se fossem uma novela.
Diana: Não tinha esse hábito antes? Muita gente sonha em sequência.
Sandra: Nunca tinha me acontecido. E eram sonhos sempre maravilhosos, todos eles dentro de lógicas de coisas que eu gosto de fazer. As viagens, por exemplo, eram uma constante. Estive na Grécia, em Roma, na Toscana...
Diana: Em lugares que você já conhecia?
Sandra: E em lugares que eu não conhecia também.Diana: Lugares que você gostaria de visitar. Enfim, você fez os passeios do jeito que pôde.Sandra: Exatamente. E, mesmo agora, lembro de tudo. Lembro do vinho que eu bebia.
Diana: Eram sonhos gustativos?Sandra: Visuais, gustativos, olfativos. Não são assim todos os sonhos?
Diana: Não. As pessoas têm sonhos bem diferentes.
***Sandra: Havia o mundo da luz. Era ali que apareciam os vikings... Que loucura tudo isso... (surpresa com as próprias lembranças)
Diana: É lindo.
Sandra: Do navio dos vikings, desce uma mulher que se chama Ana Teresa. Não é ninguém que eu conheça. É uma jovem. Está prometida para o Clã do Urso. Ela é de uma força extraordinária. Tem condições de gerir o clã.
***Sandra: Às vezes, eu sonhava que estava saindo do hospital. Na rua, era um mundo de trevas. A luz se resumia a uma luz que emanava das próprias pessoas. Nesse mundo, eu encontrava minha filha e meu genro. Eu olhava em direção ao horizonte e tudo era breu. Eu perguntava para ela: “Ana Paula, por que tu estás aqui?”. Parecia algo para as bandas do Pólo Norte. Ela me dizia: “Mãe, estamos nos dedicando à produção e à caça de tigres-marinhos. Os tigres-marinhos estão com uma cotação altíssima no mercado”. Nessa hora, meu genro passava com uma prancha cheia de filés de tigres-marinhos.
Diana: Que cara esses bichos tinham? Um leão-marinho não tem cara de leão. Esses bichos dos teus sonhos, tinham cara de quê?
Sandra: Acho que tinham cara de tigre mesmo.
Me chamou atenção o fato de a luz vir de dentro das pessoas.