18 de mar. de 2011

EricHobsbawniando o Breve século XXI

O termo que usei para o título da postagem se refere ao grande historiador Eric Hobsbawn*, um dos mais respeitados da atualidade. Lógico, não tenho a pretensão de discorrer pensamentos com a mesma carga de conhecimento que ele, mas sou historiadora e sigo seus passos. Assim o termo foi escolhido pura e simplesmente por ser uma postagem de reflexão sobre situações contemporâneas, como em seu livro "A Era dos Extremos: O Breve Século XX" em que faz uma profunda reflexão dos efeitos das duas Grandes Guerras, problemas do Oriente Médio e o capitalismo com suas consequências. Ele viveu todas essas situações, têm conhecimento de sobra e autoridade pra dizer o que pensa.

Nas duas postagens anteriores os temas deixavam claro que em nome de uma civilização crescente, onde o modelo a ser seguido, nos termos burgueses, significa crescimento econômico, qualquer justificativa para se atingir esse objetivo, vale. Cultura, como sinônimo de refinamento, atrelado a uma educação elitista, e progresso econômico que leva a um maior consumo de produtos industrializados, são as metas de quase todos os paises capitalistas (considerando que quase todos o são).

Essa busca desenfreada pelo poder e acumulação de capital de uma pequena porcentagem da população mundial, leva o planeta a um possível colapso. 

Desde 1945 (logo após o término da II Guerra Mundial) a energia nuclear começou a ser utilizada na criação de armas e desde 1950 como geradora de eletricidade. Usada pelos EUA para devastar Hiroshima e Nagasaki foi utilizada como arma nuclear numa demonstração de força bélica e econômica, como se mandassem uma mensagem ao Mundo que eles, sim , os Estados Unidos da América, possuiam uma arma capaz de devastar o planeta. Não mexam com eles.

Corpo carbonizado depois da Bomba de Hiroshima - 1945 


Desde os descobrimentos e principalmente após a Revolução Industrial, os produtos de base e matéria prima retirada da natureza são vistos e tratados como "inesgotáveis". Devastação da floresta para a expansão do agro-negócio com a cana-de-açúcar avançando sobre o cerrado e a soja sobre a floresta. Tudo isso em nome de um consumo desenfreado e irracional onde máquinas tornam-se obsoletas em questão de meses, necessitando ser substituidas por um modelo mais atualizado. Pra que ter somente um celular, se pode ter um celular com internet, mp3, TV com canal à cabo, etc, etc..., mas você não queria só um celular? O mundo tecnológico necessita de mais profissionais, capazes de inventar e manusear novas tecnologias "necessárias" para se obter um maior conforto. O pensamento estadunidense venceu o pensamento socialista soviético, seja leninista ou stalinista, o fetiche do consumo imediato é reflexo da carência do ser humano frente à dinamicidade do capital. Neste fogo cruzado entre correntes de pensamentos, a natureza, que até o momento apenas assistia ao embate, resolveu mostrar o tamanho de sua força. 
    Mega Tsunami - Costa australiana.

Tsunamis, terremotos, inundações, ciclones, desabamento de terras e cratéras abertas pelas chuvas em centros urbanos, são uma pequena demonstração que antes de corroermos a natureza, devemos lembrar que somos parte dela, não o todo. Nossa função enquanto parte da engrenagem de uma máquina, que funciona (deveria funcionar) como vetor para o funcionamento de outras engrenagens, seria sim, usar a tão cobiçada inteligência (único fator que nos separa de outros animais) e criar meios para o tão falado crescimento sustentável.


Infelizmente o que vimos sempre é uma sociedade completamente alienada, consumista ao extremo e altamente egocêntrica.  A panela pega pressão quando além dos desastres naturais assistimos a guerras civis no Oriente contra regimes ditatoriais. Ninguém aguenta viver debaixo da bota de um ditador que geralmente suga seu povo enquanto desfruta do melhor que o dinheiro pode pagar. 


Nos momentos de crise as pessoas buscam aconchego e abrigo em algo que lhes é superior e a religiosidade aparece. Neste caso do Oriente, o Islã surge como via ou alternativa em resposta a cultura ocidental que sempre se mostrou ineficaz, muito longe de ser exemplo a ser seguido.


O Brasil, continuando seu capitalismo tardio*, planeja para 2015 a construção da Usina Angra 3 no Rio de Janeiro. Também se gaba de seu crescimento econômico e enche a boca pra dizer que o brasileiro anda consumindo mais, tanto que já está entre os campeões em vendas de celulares e carros. Surge para a competição capitalista num momento em que a preservação ambiental é fundamental na conservação das espécies. As florestas, cerrados, lençóis d'agua ainda são o resto de esperança em pró da natureza. 
Estão todos cegos e loucos. O momento presente é histórico e aterrorizante.


Eric Hobsbawm nasceu em 1917 em Alexandria no Egito, e desenvolveu seus estudos em Viena, Berlim, Londres e Cambridge. Fellow da British Academy e da American Academy of Arts and Sciences, professor visitante em diversas universidades da Europa e da América, lecionou até aposentar-se no Birkbeck College, da Universidade de Londres. Desde então ensina na New School for Social Research, em Nova York. Escreveu, entre outros, A Era do Capital, A Era dos Extremos, A Era das Revoluções, A Era dos Impérios, Os Bandidos, Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo, Rebeldes Primitivos, O Breve Século XX 1914-1991, e Ecos da Marselhesa, todos publicados no Brasil. ( Fonte: Histórianet - http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=160)

* MELLO, João Manoel Cardoso de. Capitalismo tardio: UNESP.2009 
Capitalismo Tardio é uma obra do historiador João Manuel Cardoso de Mello, onde aborda justamente o fato de a América Latina ter iniciado sua economia própria bem depois dos paises europeus, caracterizando sempre uma dependência do êxito econômico europeu, para êxito econômico próprio, uma vez que necessita, pelo menos, de tecnologia externa para montagem do maquinário interno. 

14 de mar. de 2011

A história da uva e o surgimento do vinho.


É impossível identificar a primeira ou exata região a cultivar uvas, os registros mais antigos datam de 7000 a. C. a  5000 a. C.  em regiões da China, Irã e na Geórgia, levando a crer que foram as primeiras regiões a fabricar o vinho. Segundo alguns enólogos (cientista da uva e do vinho), o vinho surgiu por acaso possivelmente por um punhado de uvas amassadas e esquecidas que sofreram o processo de fermentação. 
Os Fenícios, natos comerciantes, levaram o fruto a Grécia, que logo foi absorvida pela cultura, na mitologia grega incorporada em Baco ou Dionísio. Os Gregos levaram sementes de uva para várias de suas colônias, mas foram certamente os romanos os grandes responsáveis pelos inúmeros vinhedos espalhados pela Europa. Símbolo de conquista e poder, as parreiras eram plantadas nas entradas das terras conquistadas durante a expansão romana, o vinho era a bebida dos gladiadores em homenagens as suas vitórias, as folhas de parreiras usadas atrás das orelhas dos imperadores, enfim, totalmente inserida no dia a dia cultural desses povos.

Melhorando sua tecnologia, aprimorando o sabor quando colocados em barris de madeira, os romanos levaram o vinho para Grã- Bretanha, Germânia e França. A queda do Império Romano e as constantes invasões bárbaras diminuiu consideravelmente a produção de uvas, porém o poder simbólico e religioso do cristianismo trás consigo o ressurgimento do plantio de uvas. Importantíssimo e indispensável em celebrações cristãs, por representar o sangue de Cristo, o vinho era cultivado em grandes mosteiros, sendo muitos ainda ativos na Europa. O vinho era usado tanto dentro da igreja nas celebrações quanto para a venda externa para o povo. As Cruzadas religiosas e posteriormente as Grandes Navegações, possibilitaram o plantio do fruto e a produção do vinho em quase todos os lugares do mundo.

Os lugares onde os vinhos são mais famosos e caros são: França, Itália, Espanha e Portugal. Como passar por Portugal sem mencionar o delicioso Vinho do Porto. 
Para se entender a produção de vinhos em Portugal é mais fácil dividindo o pais entre Norte e Sul. Ao Norte se produz o Vinho Verde, não necessariamente de uvas verdes, mas de uvas novas, garantindo a acidez do vinho. Ao Sul, ao longo do Rio Douro são cultivadas variedades de sementes de uvas, que pelo leito do Rio ser coberto por xistos as raízes das plantas têm que fazer um esforço muito maior para obter os nutrientes do solo, resultando assim num vinho bastante concentrado e rico. Permite-se até 48 variedades de uvas na fabricação do Vinho do Porto, mas seis são indispensáveis: Touriga Nacional, Tinta Cão, Tinta Roriz, Tinta Barroca, Touriga Francesa e Tinta Amarela.



Hoje é possível degustar excelentes vinhos nacionais vindos do Rio Grande do Sul. Rosé, doces, secos, tintos ou brancos a produção de vinho no Brasil cresce de forma bastante satisfatória. A nova onda do momento (uma onde burguesa, já que o vinho está muito popular) são os Vinhos de Garagem, onde uma pequena plantação de uvas cultivada numa pequena propriedade, resulta num vinho feito com as melhores uvas, selecionadas e separadas, vinho engarrafado de forma artesanal tendo sua venda a peso de ouro. Este será um tema que futuramente pretendo conhecer melhor.

9 de mar. de 2011

Escravidão, difícil digestão



Dando continuidade ao post anterior, fazendo uma análise histórica, este volta-se para a escravidão e o tráfico de escravos em solo brasileiro.

Quando chegaram os portugueses com a frota de Pedro Álvares Cabral, depararam-se com uma imensidão de terras, tantas que se perdia de vista. Os habitantes, índios, os receberam com total confiança. Simplesmente entraram na embarcação e deitaram no convés, cuidando apenas de não amassar as penas que enfeitavam seus corpos. Esta confiança foi um grande engano.

Apesar da imensidão de terras, nada de muito valor foi encontrado, a não ser o Pau- Brasil, árvore onde se extrai a tintas vermelha, muito usada na Europa. Os portugueses iniciam o processo de escravidão do índio com intuito de extrair mais árvores, uma vez que essas nascem em lugares diversos e só moradores da floresta podiam conhecer seus caminhos.

Os índios viviam num sistema de socialismo primitivo, onde o alimento preparado na hora serviria para todo o grupo. As mulheres se encarregavam de preparar o alimento, principalmente farinha de mandioca e todas da tribo cuidavam das crianças da tribo. Os homens caçavam animais na floresta ou peixes nos rios, tinham uma  cultura própria, completamente diferente dos europeus. Aquela imposição ao trabalho forçado e acumulativo era uma grande incoerência, na visão indígena. Não compreendiam o motivo da acumulação de produtos, seja da floresta, seja de animais, não compreendiam a causa de um homem ter que trabalhar para outro homem, ou mulher. Que cultura "civilizada" era aquela?

Não é possível descolar os fatos do contexto histórico do momento, neste período acontecia a consolidação do Cristianismo pelo mundo, tanto que uma das primeiras providências chegando em terras novas, era rezar uma missa. Os Jesuítas eram os encarregados de arrebanhar novos fiéis. Suplantando por completo uma cultura milenar, os índios pouco a pouco foram sendo batizados e inseridos às regras da nova fé cristã.

Fazendo apenas um paralelo, por que não consigo ler certas coisas sem me posicionar (talvez um erro, ou não), mas até os dias atuais é possível sentir as atrocidades cometidas com a população indígena. A cultura morreu, acabou, não existe mais, são pouquíssimas tribos no Brasil ainda sem contato com os "povos civilizados". Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx), civilização significa " o progresso da humanidade em sua evolução social e intelectual". Reflito, evolução baseado em qual paralelo? A civilização em questão acha que domina os Oceanos, tira metais preciosos de outros lugares fora de seu domínio, assassinam em nome de um pensamento aparentemente religioso, ou seria o pensamento que leva ao poder e acumula riquezas? Os índios vivem em perfeita harmonia com a natureza, maior preocupação da atualidade, poucas tribos ainda podem viver em "paz" fugindo constantemente do contato com o branco. Quem é mais civilizado?
Doenças dos povos civilizados, como sarampo, varíola, gripe comum, dizimaram metade da população indígena.

O Pau Brasil era o único item que interessava, porém era muita terra, o que necessitava de muita mão de obra, daí voltou-se o olhar para a África. Na África era comum a venda de escravos capturados durante as lutas entre tribos. Os perdedores eram vendidos por negros de outras tribos. Digamos que Portugal exagerou na quantidade do pedido. Quando uma nova terra era colonizada por Portugal, logo se implantava uma Capitania hereditária com objetivo de controlar e não deixar nenhum outro pais se apoderar das novas terras. Portugal viu na África uma inesgotável fonte de recursos. Saiam de Angola cerca de 400, 500, 600 pessoas amontoadas no convés do temido Navio Negreiro (ui, até me arrepia), onde mais da metade morria durante o transporte.

Era uma viagem de aproximadamente 2 meses, sem água suficiente, sem alimento suficiente, sem lugares apropriados para suas necessidades fisiológicas. Muitos morriam pelo caminho, mães se atiravam ao mar com seus filhos evitando sofrimento maior.
Eram tantas mortes que muitos barcos ficavam abandonados por não haver ninguém para limpar as carniças. Marcados à ferro quente, os escravos eram tratados como cavalos. O açúcar era o produto mais consumido da Europa, além de adoçar, servia para mascarar o sabor da comida (não havia geladeira), e como produto medicinal, assim o surgimento de engenhos e a exportação de açúcar enriquecia e muito os novos usineiros. Ter uma usina de açúcar era equivalente a uma ou duas usinas petrolíferas. Era muito dinheiro. As pessoas que vieram eram em sua maioria jovens aventureiros, pessoas em busca de novidades e um futuro melhor. Pouquissimos vinham com família. As mulheres não vinham, assim, numa sociedade sem leis e sem valores familiares, a violência  sexual com as escravas e índias tornava-se quase inevitável. Aqui não havia a separação de raças como na Europa o racismo científico, os ingleses também fornicavam , porém não assumiam seus filhos, ao contrário dos portugueses que assumiam a paternidade e davam direito de herança a eles. A sociedade, a cultura, o funcionamento do pais, tudo dependia dos escravos, eles eram carpinteiros, comerciantes, eles plantavam , colhiam, sem eles não haveria Brasil.
Evidentemente na crueldade em que viviam, haviam as resistências aos maus tratos. Quando isso acontecia, os escravos eram punidos em praça pública, como forma de exemplo aos que pensassem em se rebelar. Eram palmatórias, chicotadas, argolas no pescoço tudo com requintes de crueldade, colocavam-nos sentados em formigueiros a noite toda, ou amarrados pelos pés e mãos em troncos de madeira.
A escravidão tornou o homem um objeto, que se consome, troca, joga fora, comercializa, simplesmente um objeto. A expectativa de vida de um escravo era de apenas 8 anos. Quando comprava-se um escravo esperava-se que ele trabalhasse apenas um ano. Prejuízo ? Imagina, estes trabalhavam tanto neste ano que sua produção era muito maior que o dinheiro gasto em sua compra. Lembrando que para os portugueses a África era uma inesgotável fonte de recursos, inesgotável.

Em 1690 descobriu-se o ouro e a necessidade de mais escravos. Haviam os escravos tigres, que tinham esse nome por coletarem os excrementos de todos, deixados nas areias, carregando esses cestos na cabeça o líquido com o ácido dos excrementos escorriam por suas faces causando erupções da pele, sendo esses escravos mantidos em calabouços.


A igreja não se voltava contra ninguém, não apoiava a escravidão, porém nada fazia para impedi-la. Justificava dizendo que o importante é a vida no paraíso, que as privações desta vida seriam compensadas após a morte, que na verdade o corpo era escravo, mas a alma era livre.

Os senhores de engenho eram terríveis. Havia o Senhor Cajaíba da região de Santo Amaro que era conhecido por sua maldade. Colocou espelhos em lugares estratégicos de sua fazenda, onde de sua sala podia ver tudo que acontecia ao redor, desde os outros quartos até as terras trabalhadas por escravos na parte externa da casa. Conta-se que numa certa ocasião tendo suas terras visitadas por um amigo, no jantar este amigo elogiou os seios da escrava que os serviu. No final da noite ao se despedir para ir embora para casa, este convidado foi presenteado pelo Sr. Cajaíba, com os seios da escrava servidos numa bandeja.
Os senhores de engenho temiam demais por suas vidas. Era  uma relação tensa, sabiam que podiam ser envenenados ou mortos durante a noite. Temiam também aos rituais religiosos. Os escravos rebelados fugiam para Quilombos, onde o mais famoso foi o de Palmares em Pernambuco, morada de Zumbi dos Palmares.
Conhecendo a floresta como ninguém, os escravos fugidos dificilmente eram capturados, a polícia não tinha preparo pra se embrenhar no mato, daí surge a figura do feitor, negro perseguidor de escravos, conhecedor da floresta como os outros, homem de confiança do dono da fazenda. A Capoeira, como qualquer outra luta, era proibida, porém, foi justificada como dança pra se livrar da proibição. Chegou a ser proibida no Recife e outras regiões, podendo o infrator levar até 25 chibatadas pelo ato. Os rituais religiosos eram muito temido pelos senhores das terras; o canto, a dança, as mulheres dominadas por espíritos ao som dos atabaques, petrificava os patrões de medo. Em 1800 dá-se inicio o plantio do café. Em 1841 um acordo entre Inglaterra, França, Rússia, Prússia e Áustria firmam um acordo para reprimir o tráfico de escravos.

Noutro paralelo pensemos que o capitalismo, neste período, está ganhando força e escravidão não combina com comércio. Quem trabalha ganhando dinheiro têm dinheiro pra gastar, negro, índio, seja o que for. O dono do dinheiro não têm cor, tem valor econômico. Neste pensamento capitalista escravidão não tem espaço.
Sempre naveguei na idéia de que o que muda a sociedade é uma dialética materialista de Marx ou a mudança de pensamentos da Escola dos Annales. Chego a conclusão que um não dissocia do outro. Estendendo o pensamento que apesar de se posicionar contra a escravidão, esses paises e outros tantos consumiam, e muito, açúcar em seu cotidiano. Era a coqueluche do momento. Fica mais ou menos assim: sou contra a forma como trabalha, mesmo assim consumo seu produto induzindo você a produzir mais, de forma errada, mas desde que não falte pra mim. 

Em 1888 a princesa Isabel assina a Lei Áurea. Escravos libertos, sem ter pra onde ir, pois niguém foi ressarcido por anos de trabalho forçado, muito pelo contrário, usados até onde foi conveniente quando não mais serviam foram empurrados para a periferia das cidades (futuras favelas) e tendo seus serviços trocados por mão de obra estrangeira, pois esses eram mais competentes (racismo científico) para as lavouras voltadas à exportação.

Desejo que este triste episódio de nossa história sirva como texto de reflexão que somos frutos de maus tratos, de uma miscigenação forçada e promíscua, onde muitos de nossos antepassados foram mortos de forma brutal e animalesca em nome do crescimento econômico de uma civilização pouco civilizada, que nunca pensou numa Nação, mas sim num imenso fornecedor de matéria prima e humana. A "civilização" européia trouxe doenças, desigualdades, destruições culturais irreversíveis, haja vista os Incas, Astecas e índios de várias tribos brasileiras viciados em álcool. No interior paulista tem reservas indígenas e eles vivem na cidade pedindo para alguém lhes pagar bebidas. Triste demais. Que esta postagem traga a reflexão que nós, afro-descendentes temos obrigação moral de conquistar nosso lugar ao sol, sem ter pena de si mesmo, mas olhando o futuro com objetivo, coragem e a certeza de que "sim, nós podemos". Consciência do que fomos e do que podemos ser.
Yes, we can!