1 de ago. de 2010

A Arte Grita


Tenho estado um pouco sumida do blog e outros lugares da internet por pura falta de tempo. Tenho andado bastante ocupada, mas nem por isso deixo de ler meus livros. O meu livro de cabeceira, ultimamente, têm sido "A arte não arte" de Tadeu Chiarelli sobre o artista plástico Nelson Leirner.

Sou uma pessoa muito xereta, escrevo no blog dos outros, dou palpites no pensamento alheio por meio de comentários, escrevo pra pessoas que não conheço, enfim, uma verdadeira entrona. Mas as vezes dá certo, tanto que foi por meio de um e-mail que consegui com que o Dr. Roberto Bíscaro - AlbinoIncoerent - que defende as causas albinas (http://www.albinoincoerente.com/) fosse entrevistado no Programa do Jô, onde  pôde, para o mundo todo, expor suas reivindicações. Tanto dá certo ser enxerido que buscando informações sobre Nelson Leirner achei um site muito bom, com espaço para comentários e contato. Sabe quem me respondeu, o próprio. Daí, papo vai papo vem, ele me enviou este livro, que me referi no início da postagem. Presente do próprio artista, com dedicatória. Fiquei realmente emocionada. Mas voltando ao assunto e "devorando" o presente, percebi que como recém formada em História, eu não sei nada de História. São tantos caminhos diferentes, tantas ideias que se complementam e se entrecruzam e se contradizem que duas encarnações será pouco, com agravante que na segunda encarnação a História já triplicou, então nunca vou saber o que pra mim seria suficiente. Ainda bem, pois, o comodismo limita o desenvolvimento. 

A arte, que venho estudando já a alguns meses, dentro das mudanças culturais e de pensamentos, é a primeira que grita. Ela explode em forma de expressões que traduzem um momento de mudanças. O dadaísmo surge num momento assim, onde todos envolvidos na Primeira Guerra Mundial, buscavam explicações racionais que traduzissem o motivo de tanta carnificina. Onde fica a poesia ? Onde fica aquela pintura que tinha, entre outras funções ser filosófica, religiosa, moral. Nada fazia sentido.
Tristan Tzara, chefe do movimento Dadá que reunia poetas, pintores, escultores, filósofos, vendo desabar sistematicamente os pilares da vida da poesia e das artes, afirmava que a única saída possível seria a destruição da lógica, da moral, da literatura.
Surge verdadeiros patriarcas das artes como DuChamp, Salvador Dali, Man Ray, André Breton, entre outros. Seu objetivo era atacar a arte convencional e neste contexto se encaixa Leirner. 



Sem entrar em detalhes, mas analisando a arte como um território imenso de pesquisas, percebi que há varias formas de um artista se expressar. Uns falam de si, e se pensarmos que todos e cada um tem problemas semelhantes, falar de si é falar de todos. Outros tratam problemas mais abrangentes como no caso de Leirner que ataca diretamente as Instituições usando a Instituição para divulgar suas ideias. Fantástico.

Uma exposição atualmente no MAM demonstra claramente esse tipo de "fazer artístico" que se refere Michel De Certeau. No coletivo Superflex, artistas fizeram uma replica fiel do Mc Donalds, onde num vídeo, inundam a pseudo-lanchonete e deixam tudo flutuando, fazendo uma referencia ao  aquecimento global provocado pelo consumo desenfreado, resultado da industrialização.



Como o pai de Leirner é polonês e judeu, fui saber mais sobre a Polônia e o Leste Europeu e achei lá na Tcheco- Eslováquia a famosa passagem da Primavera de Praga, movimento que visava a democratização do socialismo existente no pais, reprimido à força de tanques do Pacto de Varsóvia, que estabelecia uma ajuda mútua em caso de agressões militares. 


Este movimento influenciou o mundo todo, principalmente os paises que não concordavam com as ideias socialistas e estavam sob seu julgo e paises que exigiam uma mudança de mentalidades. A repressão não podia continuar, pois de um lado o stalinismo, regime socialista autoritário de Stalin,de outro a ditadura militar inserida principalmente em paises em desenvolvimento como o Brasil apoiada pelos EUA capitalista. Neste momento a arte grita, já  está gritando na "voz" de Wesley Duke Lee, Hélio Oiticica, Nelson Leirner, na música de Novos Baianos e Tropicália, nas peças de teatro de Plínio Marcos e nos filmes de Glauber Rocha.



Daí eu volto a minha reflexão do início do post; não sei nada de História. Percebam que em volta do tema central há várias vertentes, lacunas que precisam ser preenchidas.

Ainda bem que não sei nada de História, assim, terei muito que fazer nos próximos anos.