9 de ago. de 2011

Caldinho de feijão


Olha o Sérgio Buarque de Hollanda "falando" novamente. É possível identificar aspectos de sua teoria a respeito da "culturas amalgamadas", quando, em sua obra Raízes do Brasil, afirma: A experiência e a tradição ensinam que toda cultura só absorve, assimila e elabora em geral os traços de outra cultura, quando esses encontram uma possibilidade de ajuste aos seus quadros de vida". Digo isso analisando a história do feijão quando postava uma receita no outro blog, de culinária, que tenho - http://aninhanacozinha.blogspot.com . Daí você pensa: Nossa, tudo ela põe história no meio? Eu te respondo: sim. Sabe aquela música do Osvaldo Montenegro - O Chato - ...eu sou um chato, meu Deus não me aguento, só me tacando no mar...Mas voltando ao que interessa, o feijão, base primeira da minha receita, como não querer saber sua trajetória? 
Arqueólogos dizem haver vestígios do consumo do feijão na América do Sul a cerca de 10 mil anos, há indícios também do feijão ter sido consumido na Grécia, muitas são as especulações. Os índios latinos comiam feijão com farinha de mandioca. Os portugueses começaram a consumir adicionando elementos conhecidos de sua cultura, como linguiça, pé e orelha de porco. Essa junção origina a feijoada, comida de escravos nas senzalas. Percebe como Sérgio Buarque acerta ao afirmar que uma cultura só sobrevive quando pode ser amalgamada a outra cultura. Os índios foram sufocados, nunca compreenderam a lógica do capital. O português deu seu jeitinho adicionando ingredientes e o africano incorporou a sua cultura. 

Em homenagem a todos os chatos que adoramos, Osvaldo Montenegro - O Chato



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