3 de set. de 2009

As origens da Primeira Guerra

Apesar de a Inglaterra, ainda no início do século XX dominar o fabuloso poderio econômico e naval, sua preocupação primordial era manter a Pax Britânica, intercedendo sempre que necessário em assuntos internacionais ou mantendo-se completamente imparcial nas disputas, dependendo de seus interesses.
Duas potências despontavam para assuntos econômicos: o Japão e os EUA.
O Império alemão foi o grande fator de desequilíbrio. Após a derrota do movimento revolucionário por uma Alemanha democratizada, em 1848, as elites conservadoras prussianas – nobreza, burocratas e militares- sob a liderança do chanceler Bismarck, passaram a conduzir o processo de formação do Estado Nacional Alemão, que com ações de cima para baixo conseguem impor à sociedade germânica o seu modelo político- institucional autoritário e belicista.
Bismarck era um oficial de extrema competência, tanto que havia vencido a França e invadido Paris, o que deixou os franceses com um sentimento de humilhação, mais ainda com as pesadas multas impostas pela perda da Guerra e a posse de Alsácia e Lorena para o Império alemão.
Os alemães visando um futuro de glórias passam a absorver suas idéias nacionalistas onde o estado era o poder maior morrendo se necessário fosse, por ele.
Criou o 2° Reich. Ocorre que a Alemanha já havia absorvido as novidades da tecnologia capitalista e isto vai diretamente de encontro ao semi-feudalismo prussiano.
Ocorre que o povo alemão era dominado por uma casta burocrática que ordenava a obediência cega, assim o militarismo surge com um ar de dedicação havendo um estreitamento nas perspectivas mentais e políticas. Foi concedida ao povo uma boa legislação trabalhista, mas sem a força de sindicatos.
Bismarck era bem articulado, estreitou laços com a Áustria e cortejava a Itália, que brigara com a França pela posse da Tunísia, assim receosos que os católicos franceses engrossassem o atrito provocado pela anexação dos Estados Pontífices, aceitou o flerte que culminou na Tríplice Aliança.
Em 1888, Guilherme II torna-se imperador da Prússia e para evitar comparações demite Bismarck , fato este que desestabilizará os acordos diplomáticos.
A Alemanha já não é agrícola, torna-se uma Nação Industrial.
Rica em ferro e carvão, logo começou a produzir bens de produção industrial e material bélico. Este salto econômico colocou a Alemanha entre as grandes nações ricas e imperialistas. Os alemães achavam que pelo seu tamanho e poderio, deveriam controlar a Europa de forma igualitária aos outros países, mas as outras nações não a reconheciam como grande potência alemã. Deste complexo de inferioridade nasce a justificativa de seus ideais de prestígio e de uma pretensa superioridade cultural germânica.
Achavam-se melhores racial e culturalmente, para eles eram descendentes da cultura Greco-Romana sendo os mais educados e cultos do mundo moderno. O nacionalismo do segundo Reich ajudou a proliferar as idéias em clubes patrióticos, sociedades militaristas, destacando-se a Liga Pan Germânica que além da unificação alemã, buscava a expansão alemã nas colônias e na Europa. A intelectualidade aderiu e passou a desprezar acordos internacionais.
A falta de tato de Guilherme II e o receio do crescimento alemão levaram países aliados a se afastarem (exceto pelo Império Austro-Húngaro, já decadente) e países inimigos se unirem para frear a Alemanha.
Estava aberto o caminho para a ressentida Alemanha entrar em guerra com outros países.
O Império Austro-Húngaro consiste em dois Estados mantidos em termos simbólicos pelos Habsburgos, de origem austríaca e húngara.

Possuía administração separada, uma em Viena e outra em Budapeste.
Tendo como imperador Francisco José I, era um Estado de múltiplas nacionalidades.
Na Áustria havia Tchecos, poloneses, ucranianos, rutenos, eslovenos e núcleos menores de sérvios, italianos, romenos e croatas.
Na Hungria: romenos, alemães, eslovacos, croatas, sérvios e rutenos.
Os problemas derivavam da diferença de interesses econômicos, tendências políticas, diversidade de raças e idiomas.
Os Bálcãs formaram o verdadeiro barril de pólvora, pois após ser colocada sob tutela doa administração Austro-Húngara, provisoriamente, a Bósnia e Herzegovina continuavam pertencendo ao Império Otomano. Ocorre que a pequena Servia também almejava anexar àquelas áreas balcânicas sonhando com uma futura Grande Sérvia.
A Áustria, violando a Conferência de Berlim (que concedeu o território administrativamente) incorpora em definitivo a Bósnia e Herzegovina ao seu território imperial. A Sérvia se sentindo prejudicada, ciente de sua impotência recorre à Rússia, cuja política pan-eslavista pregava a identidade comum e a solidariedade entre todos os eslavos contra os germânicos. Imediatamente a Áustria recebe apoio da Alemanha, e a Rússia maltratada por guerras anteriores aconselha a Sérvia a aceitar a anexação. A Rússia, secretamente prometeu a Áustria neutralidade na indexação dos dois territórios, caso fosse apoiada em suas pretensões sobre o estreito de Bósforo e Dardanelos, porém vendo suas investidas frustradas escondeu sua participação no caso da anexação dos territórios, voltando-se momentaneamente contra a Áustria, engrossando o movimento Europeu que acusava de perturbadora da paz num território já difícil.
O arqueduque Francisco Ferdinando, mesmo ciente do risco que corria devido as uma população nacionalista e pró- Sérvia, resolveu ir a Sarajevo presidir uma cerimônia.
As organizações nacionalistas secretas, entre elas a Jovem Bósnia e a Mão Negra que congregava principalmente estudantes, preparou o atentado que matou o arqueduque e sua esposa. Setores militares queriam os responsáveis sérvios pelo atentado, apesar da própria família de Ferdinando não ter dado tanta importância.
Quando a notícia chegou a Berlim, imediatamente Guilherme II queria a guerra. Com esse respaldo a Áustria enviou um ultimato a Sérvia para que além de liquidar as sociedades secretas e aceitasse oficiais da política austríaca no inquérito para apurar a morte do arqueduque, obviamente recusado, a Áustria declara guerra a Sérvia iniciando assim a 1° Guerra Mundial.
Os aliados- França, Inglaterra e Rússia- tiveram apoio dos norte-americanos e do Japão.
Foi uma guerra sangrenta de trincheiras com o uso de dirigíveis, armas químicas, bacteriológicas e novas tecnologias. A Guerra finda em 1918 com a Alemanha vencida e condenada pelo Tratado de Versalhes a assumir a culpa pela guerra e a pagar pesados impostos em espécie e produtos (carvão para a Europa por 10 anos).
O Kaiser foge e a Alemanha muda o regime, mas a humilhação deixa rancores que serão cobrados num futuro próximo.

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