Quando pensamos no mundo árabe o que vem a cabeça...terrorismo, burca, mulheres multiladas, mas será que o mundo árabe é somente isso? Creio que não. Porém nem todos se dão conta que quase todos os árabes são muçulmanos, mas nem todo muçulmano é árabe.
A religião muçulmana nasceu na Arábia pela pregação do profeta Maomé no séc. VII da nossa era, mas depois atingiu regiões mais distantes como a China, Índia, Afeganistão, Irã, Turquia e grande parte da África negra.
A península arábica possui um clima desértico fazendo os povos beduínos locomover-se em busca de novas pastagens.
Antes do surgimento da civilização islamica, o povo árabe estava dividido em dois grandes grupos: os árabes do deserto, habitando o interior da península e os árabes das cidades a sudoeste da península. A unidade estava na língua, pois as tribos eram o fundamento da vida social e política e cada tribo se identificava com um bairros compacto e isolado dos outros unidos pela solidariedade, assim, a segurança de cada um é uma questão de interesse coletivo. As tribos se uniam para vingar uma agressão ou ofensa contribuindo para, de um lado reforçar laços de união entre seus membros, mas de outro acentuava o particularismo.
A Palestina estava ligada ao Iêmem por uma rota comercial o que atraía beduínos de toda a região, conhecida como "a rota de Sabá". No caminho desta rota, com objetivo de atrair mais beduínos, cidades construiam templos de adoração para os deuses de cada tribo, as "Casas de Deus" e promoviam feiras anuais quando ocorria a trégua entre as tribos, necessária para as transações comerciais.
Iatreb uma das cidades principais torna-se basicamente agrária, enquanto Meca se torna comercial. Em Meca se encontra a Caaba, provavelmente um meteorito que atraia uma enorme leva de peregrinos.
Maomé nasceu em Meca, provavelmente em 570, da tribo dos coaxitas, ficou órfão muito cedo e foi criado por um tio, iniciando comércio nas caravanas. Em suas viagens entre a Síria e Palestina, Maomé tomou contato com as grandes religiões monoteístas da época: o judaísmo e o cristianismo. Na Pérsia, ele conheceu o masdeísmo. Com quase quarenta anos inicia sua peregrinação religiosa numa síntese dos princípios da religião judaica, cristã e masdeísta misturada a um conjunto de práticas extraídas dos costumes religiosos árabes.
Assentada num monoteísmo absoluto, a religião islâmica impõe a todo convertido a obrigação de se sujeitar à vontade divina e afirmação da fé por cinco práticas fundamentais:
- chahada - o fiel muçulmano deve recitar a fórmula : "o único Deus é Aláh, e Maomé o único profeta", tendo plena consciência do significado e das implicações desta expressão.
- salat - preces públicas e coletivas, obrigatórias, são orações feitas em Mesquitas onde um certo número de gestos são feitos com o rosto voltado à Meca. Este ritual por ser feito em templos garante uma certa unidade social e política, inexistente nas tribos.
- zakat - imposto destinado aos pobres, administrado por órgãos públicos centralizava as contribuições dando mais autonomia a cidade.
- ramadãn - ritual de jejum onde nada é ingerido durante o dia.
- hajj - onde pelo menos uma vez na vida o fiel deveria fazer uma peregrinação a Meca (caso tenha condições para isso).
Complementando os preceitos de fé contidos no Alcorão, existe a sunna, lei oral do Islão, que foi organizada pelos "Doutores da Fé" após a morte do profeta. A sunna estabelece bases e normas tradicionais da jurisprudência da nova sociedade islâmica. Um desses princípios afirma a necessidade de combate aos infiéis por meio da Guerra Santa.ou djihad, onde todo fiél deveria converter os infiéis ao islamismo.
Fazendo um paralelo com Roma do mesmo período, o Papa e a igreja católica exerciam forte influência no império e suas fronteiras já estavam frágeis devido a constantes invasões.
Com a morte de Maomé os membros mais influentes da cidade escolhem um califa parente de Maomé para ficar em seu lugar. Brigas internas a parte, a liderança ficou com os Omíadas originários de Meca. A expansão árabe se estende por vários paises, porém, ao contrário do Império Romano, os árabes mantinham a cultura local das cidades invadidas, possuiam um centro atrativo para estudantes de todas as partes do Islã, criaram uma escola de tradutores onde obras gregas já traduzidas em siríaco, copta,e hebraico eram traduzidas para o árabe. Os professores e mestres deveria ter estilo erudito porém sem pedantismo, enquanto em Roma o fato de falar latim já diferenciava a pessoa dos demais, um status social. Observe as diferenças.
Um grande contraste se dá quando comparamos de 766 a 809 quando houve, no apogeu da civilização islâmica, o refinamento da cultura e o florescimento das artes e das letras, enquanto no mesmo período Carlos Magno buscava o renascimento carolíngio voltado as imposições da igreja. Uma cultura investia, também, na razão e outra ao culto, ao mito e aos medos.
O islamismo é uma das maiores religiões do mundo, se não me engano a segunda, perdendo apenas para o catolicismo em números de fieis. Mas o que fez tantas pessoas aderirem ao islamismo? A resposta está na dificuldade em se ler a bíblia e interpretá-la, pois neste momento apenas os padres sabiam ler, e as missas rezadas em latim, o que dificultava ainda mais o entendimento dos cristãos, assim, a população ficava a mercê das interpretações pessoais dos párocos. Além desses fatores, os impostos seriam menores para aquele que falasse a língua árabe. A moeda de maior circulação era cunhada com inscrições em árabe, assim, em forma de símbolos e com benefícios, sem usar a violência (apenas quando necessário) a expansão árabe cooptou adeptos de várias regiões vindos por livre e espontânea vontade. Para finalizar este post puxo uma reflexão: o ocidente foi mesmo o berço da civilização ? Não será essa uma construção europeia numa negativa à sabedoria oriental, que ao contrário de queimar livros, numa tentativa de reter as ideias, assimilava o melhor das culturas conquistadas ?
É fato que o radicalismo islâmico vindo dos descendentes do profeta, exacerba toda nossa tolerância cultural de respeito ao próximo. Não tenho um conhecimento muito profundo sobre o islamismo e também não é o foco do post. A grande questão são os avanços científicos encontrados nos árabes como o profundo conhecimento em astronomia, farmácia, as descobertas em trigonometria, a arte ornamental dos arabescos...
Complementando os preceitos de fé contidos no Alcorão, existe a sunna, lei oral do Islão, que foi organizada pelos "Doutores da Fé" após a morte do profeta. A sunna estabelece bases e normas tradicionais da jurisprudência da nova sociedade islâmica. Um desses princípios afirma a necessidade de combate aos infiéis por meio da Guerra Santa.ou djihad, onde todo fiél deveria converter os infiéis ao islamismo.
Fazendo um paralelo com Roma do mesmo período, o Papa e a igreja católica exerciam forte influência no império e suas fronteiras já estavam frágeis devido a constantes invasões.
Com a morte de Maomé os membros mais influentes da cidade escolhem um califa parente de Maomé para ficar em seu lugar. Brigas internas a parte, a liderança ficou com os Omíadas originários de Meca. A expansão árabe se estende por vários paises, porém, ao contrário do Império Romano, os árabes mantinham a cultura local das cidades invadidas, possuiam um centro atrativo para estudantes de todas as partes do Islã, criaram uma escola de tradutores onde obras gregas já traduzidas em siríaco, copta,e hebraico eram traduzidas para o árabe. Os professores e mestres deveria ter estilo erudito porém sem pedantismo, enquanto em Roma o fato de falar latim já diferenciava a pessoa dos demais, um status social. Observe as diferenças.
Um grande contraste se dá quando comparamos de 766 a 809 quando houve, no apogeu da civilização islâmica, o refinamento da cultura e o florescimento das artes e das letras, enquanto no mesmo período Carlos Magno buscava o renascimento carolíngio voltado as imposições da igreja. Uma cultura investia, também, na razão e outra ao culto, ao mito e aos medos.
O islamismo é uma das maiores religiões do mundo, se não me engano a segunda, perdendo apenas para o catolicismo em números de fieis. Mas o que fez tantas pessoas aderirem ao islamismo? A resposta está na dificuldade em se ler a bíblia e interpretá-la, pois neste momento apenas os padres sabiam ler, e as missas rezadas em latim, o que dificultava ainda mais o entendimento dos cristãos, assim, a população ficava a mercê das interpretações pessoais dos párocos. Além desses fatores, os impostos seriam menores para aquele que falasse a língua árabe. A moeda de maior circulação era cunhada com inscrições em árabe, assim, em forma de símbolos e com benefícios, sem usar a violência (apenas quando necessário) a expansão árabe cooptou adeptos de várias regiões vindos por livre e espontânea vontade. Para finalizar este post puxo uma reflexão: o ocidente foi mesmo o berço da civilização ? Não será essa uma construção europeia numa negativa à sabedoria oriental, que ao contrário de queimar livros, numa tentativa de reter as ideias, assimilava o melhor das culturas conquistadas ?
É fato que o radicalismo islâmico vindo dos descendentes do profeta, exacerba toda nossa tolerância cultural de respeito ao próximo. Não tenho um conhecimento muito profundo sobre o islamismo e também não é o foco do post. A grande questão são os avanços científicos encontrados nos árabes como o profundo conhecimento em astronomia, farmácia, as descobertas em trigonometria, a arte ornamental dos arabescos...
" Não devemos nos envergonhar de admitir a verdade de qualquer fonte que nos venha, mesmo que seja trazida por gerações anteriores e povos estrangeiros. Para aquele que busca a verdade , nada há de mais valioso que a própria verdade" ( Al- Kindi- 801 - 866) - introdutor da História da Filosofia Islâmica.