O tempo não tem Ser, posto que o futuro ainda não o é, que o passado não é mais, e o presente não permanece. O texto é o filho pródigo que jamais retorna.
25 de fev. de 2010
Uma nova igualdade depois da crise, por Eric Hobsbawm
12 de fev. de 2010
60 anos de Chico Buarque
Como sou fã incondicional do meu amado Chiquinho, peguei um texto super bem escrito, do jornalista Ruy Castro, sobre os 60 anos deste magnífico artista.
10 de fev. de 2010
Ressignificações da História
Como parte do processo de ensino, o historiador atual deve tomar cuidado para não deixar transparecer sua posições sobre os acontecimentos, mas há fatos que não dá para serem ignorados.
Após o Brasil se tornar um estado independente e monárquico, a escola era um lugar destinado a ler, escrever e contar. Os professores da escola elementar deviam, segundo os planos de estudos propostos em 1827, ultilizar, para o ensino da leitura, entre outros textos, "a Constituição do Império e História do Brasil", com objetivo de exercitar a leitura e inserir nos meninos o espírito de aventura dos grandes heróis e o senso moral por meio de deveres com a Pátria e seus governantes. Sem esquecer que neste período a História do Brasil estava vinculada a Europa, descoberta por portugueses, branco, de olhos claros, sendo a história indígena descartada completamente, como se no Brasil a história começasse à partir do seu descobrimento.
Os conteúdos passaram a ser elaborados para construir uma idéia de nação associada à pátria , integradas como eixo indissolúvel.
Nas escolas, o ensino de História Sagrada fazia parte de doutrina religiosa, sendo ela mais difundida que a história laica, mesmo após a separação da igreja com o Estado.
A moral cívica vinculava-se a moral religiosa.
Educadores defendiam como modelo pedagógico a narração da vida dos santos e heróis profanos, de nome História biográfica.
Com a abolição da escravatura , no final da década de 80 do século XIX, o aumento populacional proveniente do intensificado processo de imigração e urbanização ampliaram os debates políticos sobre a concepção de cidadania; havia a necessidade do aumento de número de imigrantes que deveriam gostar da "nova terra" e atrair mais imigrantes, assim os direitos sociais e civis foram estendidos a um número cada vez maior de pessoas.
A escola ganha um novo destaque pela necessidade de aumentar o números de alfabetizados, condição fundamental para aquisição da cidadania política.
O aumento de alunos filhos de imigrantes levou os programas curriculares a sedimentar uma identidade nacional por meio da homogeneização da cultura escolar.
O foco era imitar a história européia visando a modernidade por meio da obediência a hierarquia, sem contudo, incluir nos programas curriculares a participação deles na construção histórica da Nação.
O fortalecimento do sentimento nacionalista, fez surgir as "inveções de tradições" (Eric Hobsbawn) , semelhante ao que ocorreu na Europa, os símbolos que representam o país como bandeiras (ver neste mesmo blog "A cremação das bandeiras), Hinos, o sentimeno patriótico são exemplos disso.
Acentuada principalmente durante o Estado Novo (olha ele de novo) de Vargas, o nacionalismo se torna uma doutrina e buscando raízes na própria terra, desvinculando-se da História européia, o mestiço, a feijoada, o samba, passam a ser referências do Brasil (ver neste mesmo blog Saudosa Maloca).
Grupos anarquistas que lideravam os grupos operários em suas lutas por direitos trabalhistas criaram em várias cidades, as Escolas Modernas em que o ensino se voltava contra a exarcebação do patriotismo e o culto a pátria, os quais entre outros propósitos incentivava e justificava o militarismo e as guerras. Vargas, sabendo do perigo que isso poderia representar para seu projeto de Estado Novo, disciplinador e nacionalista, fechou todas essas escolas e fundou o Ministério da Educação, organizando o sistema escolar de maneira centralizada e os conteúdos obedecendo normas mais rigorosas e gerais.
À partir daí a história ensinava o culto aos grandes heróis nacionais sendo Tiradentes o herói máximo.