Estranha esta afirmação, eu concordo. Mas era desta forma que a aristocracia via o Movimento Modernista. Iniciado na primeira metade do século XX, o modernismo foi uma extensão do pensamento revolucionário marxista levado ao universo artístico. A arte moderna é em sua origem a marginalidade e em sua maioria, se colocam à mostra. Do modernismo participaram literatura, arquitetura, design, pintura, escultura, teatro e música. Antes de Stalin, devido as mudanças políticas, as artes estavam, de fato e de direito, voltadas a população, operários andavam com poesias nos bolsos. A arte de vanguarda se realizava neste momento, haja vista a abstrata. Porém, com Stalin e o realismo socialista isto foi proibido. Stalin achava que este tipo de arte não contribuía com o contexto revolucionário. Em sua visão o ideal era exaltar os homens da revolução. No Brasil os movimentos incorporam em 1922, na Semana de Arte Moderna, inspirado, entre outras coisas, em Anita Malfatti.
Assim como artistas de princípios modernistas, Anita também buscava "sair"da arte acadêmica, cheia de regras. Poucos a apoiavam, mas na Europa era uma tendência. Les demoiselles d'Avignon de Pablo Picasso reúne todos esses fatores anti-burgueses (o que significa o oposto da Mona Lisa, o inverso europeu, uma arte colonial, indígena, africana, asiática), é possível identificar que são mulheres do povo, com elementos cubistas, são avermelhadas (não branquinhas como as européias), seus rostos são máscaras africanas, enfim, todos os elementos das tendências buscadas pelos artistas.
No Brasil, tudo estava aqui, a realidade das colônias. Tarsila do Amaral, Osvald de Andrade, Mário de Andrade, são exemplos de estilos artísticos diferentes, unidos em torno de um objetivo. Marcel Duchamp escandaliza ao enviar um urinol como objeto artístico (algo mais anti burguês, um recipiente para fazer xixi) Helio Oiticica vai ao limiar quando inventa o Parangolé, arte que veste.
Quando observamos estes elementos, podemos entender a afirmação que a aristocracia elitista sustentava: "O Modernismo é bolchevismo" A experiência passa a ser o foco do artista. Criar sem regras acadêmicas, trazer o público a participar da obra, seja em forma de instalações ou happenings, utilizando objetos cotidianos, chamando atenção para o meio em que vivemos, passa a ser um "engajamento" do artista moderno/contemporâneo. Neste mesmo blog, há artigos que complementam esta postagem como: A Ate Grita, ou Hélio Oiticica. Anti-arte por excelência, que podem ajudar o leitor a entender um pouco melhor este complexo universo de pensamentos.